Nos últimos anos, a influência dos campos eletromagnéticos (CEMs) artificiais na saúde humana tem sido um tema de intenso debate. Cientistas, jornalistas, autoridades de saúde pública e o público em geral discutem se nossos corpos são intrinsecamente afetados pela irradiação constante a que estamos expostos. Estudos indicam que os CEMs ou mesmo a tecnologia 5G, podem causar bioefeitos significativos e comprometer o sistema imunológico, mesmo em níveis considerados seguros.
Historicamente, a humanidade sempre esteve exposta a níveis insignificantes de radiação eletromagnética de micro-ondas, provenientes de fontes naturais como a radiação cósmica e a luz solar. No entanto, inovações tecnológicas como Wi-Fi, telefones celulares e outros dispositivos portáteis ampliaram drasticamente nossa exposição a fontes artificiais de CEMs. Essa exposição aumentada, muitas vezes dentro das bandas de frequência de micro-ondas, levanta preocupações sobre os impactos na saúde humana.
Cientistas, como Olle Johansson do Instituto Karolinska, em Estocolmo, alertam que não estamos biologicamente preparados para lidar com essa carga de exposição a CEMs. Ele descreve a situação como um "arriscado jogo de roleta fisiológica", sugerindo que nossa exposição contínua pode ter consequências graves e ainda não totalmente compreendidas.
Efeitos na Saúde: Uma Epidemia Invisível
Os CEMs estão presentes em todos os lugares e, apesar de serem invisíveis a olho nu, podem gerar efeitos biológicos significativos. Por exemplo, campos magnéticos extremamente baixos já demonstraram causar mudanças biológicas, e a exposição a dispositivos como telefones celulares pode resultar em pulsos magnéticos muito superiores aos níveis naturais. Estes efeitos são particularmente preocupantes dado o uso frequente e intenso desses aparelhos.
Estudos têm associado a exposição a CEMs a um risco aumentado de câncer. Em 2011, a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC) classificou os CEMs de radiofrequência, como os emitidos por telefones celulares, como "possíveis" carcinógenos humanos. Meta-análises e outros estudos reforçam essa preocupação, mostrando uma associação entre CEMs e um risco elevado de câncer, principalmente em populações residenciais expostas.
Impactos no Sistema Imunológico
O artigo de revisão de Olle Johansson publicado na Pathophysiology destaca como os CEMs podem comprometer o sistema imunológico. Ele argumenta que nosso sistema imunológico evoluiu para lidar com ameaças conhecidas, não com os níveis elevados de CEMs que enfrentamos atualmente. Johansson observa que nossa biologia simplesmente não teve tempo para se adaptar a essas novas formas de exposição eletromagnética introduzidas no último século.
Além do potencial carcinogênico, os CEMs podem causar outros efeitos adversos no sistema imunológico. Eles podem levar a uma diminuição na contagem de células natural killer (NK), linfócitos T e afetar a viabilidade dos glóbulos brancos, resultando em imunossupressão. Estudos também indicam que os CEMs podem provocar reações de hipersensibilidade e aumentar a reatividade dos mastócitos, células imunológicas que desempenham um papel crucial nas respostas alérgicas e inflamatórias.
Eletro-hipersensibilidade: Um Problema Emergente
A síndrome de eletro-hipersensibilidade (EHS) descreve indivíduos que apresentam sintomas reprodutíveis após a exposição a dispositivos eletromagnéticos. Embora esta condição ainda não seja amplamente reconhecida pelo estabelecimento médico, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece a EHS e sugere que a mitigação da exposição a CEMs pode melhorar os sintomas.
Estudos mostram que indivíduos com EHS podem apresentar uma variedade de sintomas, incluindo rinite, irritação ocular, problemas cognitivos, distúrbios gastrointestinais e sintomas cardíacos. A pesquisa também revela que os mastócitos, responsáveis pelas respostas alérgicas, estão aumentados em pessoas com EHS, indicando uma resposta inflamatória significativa.
Conclusão: A Necessidade de Precaução
A crescente evidência científica sugere que os CEMs podem ter efeitos prejudiciais à saúde humana, comprometendo o sistema imunológico e aumentando o risco de câncer e outras doenças. É urgente que sejam estabelecidos limites de exposição baseados em evidências biológicas para proteger a saúde pública. Precisamos de testes de segurança mais rigorosos a longo prazo e políticas de exposição que considerem os efeitos não térmicos dos CEMs.
A compreensão completa dos impactos dos CEMs na saúde humana ainda está em desenvolvimento, mas a precaução é necessária. Proteger nossa saúde e a das futuras gerações deve ser uma prioridade, exigindo uma abordagem mais cautelosa e informada em relação ao uso de tecnologias que emitem campos eletromagnéticos.
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