
Uma mulher de aproximadamente 40 anos teve de passar por uma cirurgia de emergência após realizar o teste RT-PCR para a Covid-19 nos Estados Unidos. O motivo? O cotonete utilizado para coletar secreção nasal rompeu o revestimento da base de seu crânio, fazendo com que o líquido cefalorraquidiano (LCR) vazasse de seu nariz. A condição apresenta risco de infecção cerebral.
O episódio foi acompanhado por médicos de hospitais e clínicas da Universidade de Iowa, nos Estados Unidos, onde a paciente foi tratada. Eles publicaram um estudo sobre o caso no JAMA Otolaryngol Head Neck Surgery.
Embora seja um pouco desconfortável, o teste RT-PCR para o novo coronavírus é seguro e eficaz. "Até onde sabemos, esse é o primeiro relato de vazamento de LCR após o teste nasal para Covid-19", escreveram os autores do artigo.
No caso da paciente norte-americana, o problema não foi resultado da testagem para o Sars-CoV-2 propriamente, mas da combinação do procedimento com um problema de saúde pré-existente não diagnosticado. Como explicam os especialistas, a complicação que levou ao incidente está relacionada a um tratamento que a paciente havia feito duas décadas antes para hipertensão intracraniana, uma condição em que o LCR aumenta a pressão ao redor do cérebro.
À época, um desvio foi usado para drenar o excesso de fluido, mas, como o passar do tempo, levou a uma complicação silenciosa conhecida como encefalocele, caracterizada pela herniação do cérebro e das meninges por aberturas presentes no crânio. Na paciente, esse problema estava na parte posterior de sua passagem nasal, o que levou o revestimento do cérebro a se projetar em seu nariz, deixando-a vulnerável à ruptura por um corpo estranho — como um cotonete.
"O histórico médico da paciente era notável para hipertensão intracraniana idiopática e remoção de pólipos nasais mais de 20 anos antes", escreveram os pesquisadores. "O exame físico também revelou rinorreia [coriza] nítida do lado direito."
O vazamento de LCR é sério porque uma ruptura no revestimento do cérebro deixa o órgão vulnerável a infecções, além de suscetível à entrada de ar no crânio, o que pode aumentar a pressão cerebral. Felizmente, após o diagnóstico, os médicos não tardaram a levar a norte-americana para uma cirurgia corretiva e o resultado foi um sucesso.
"A intervenção cirúrgica prévia, ou patologia que distorce a anatomia nasal normal, pode aumentar o risco de eventos adversos associados ao teste nasal para patógenos respiratórios, incluindo [o causador da] Covid-19", ressaltam os autores. "Deve-se considerar métodos alternativos para a triagem nasal em pacientes com defeitos anteriores conhecidos da base do crânio, histórico de cirurgia em fístulas da face ou da base do crânio, ou condições que predispõem à erosão da base do crânio."
Fonte: Revista Galileu