Centenas de agricultores do centro de Portugal prometeram nesta quarta-feira 31 bloquear a partir de amanhã várias estradas próximas à fronteira com a Espanha, para protestar contra as reduções das ajudas da Política Agrícola Comum (PAC) da União Europeia (UE) e os elevados custos de produção.
Em declarações à Agência EFE, vários agricultores – que preferem não revelar sua identidade – garantiram que nos protestos “não haverá políticos, apenas agricultores e pecuaristas”, relata o The Epoch Times
Os manifestantes se organizaram através de um grupo de WhatsApp no qual já existem quase mil membros e que chamaram de “A resistência na agricultura”.
Com tratores e veículos agrícolas, partirão de diferentes áreas para se encontrarem no chamado Alto de Leomil, situado a 10 quilômetros da fronteira luso-espanhola de Vilar Formoso e Fuentes de Oñoro.
Os organizadores estimam que participarão pelo menos 350 tratores e dezenas de outros tipos de veículos agrícolas.
Segundo disseram à EFE os agricultores portugueses, a nova PAC prevista para 2024 significa, em média, cortes de 35% nas ajudas que recebem atualmente.
Nos últimos dias têm havido protestos de agricultores de diferentes países da UE contra a nova PAC: começando pela França, as mobilizações multiplicaram-se passando por Bélgica, Itália, Alemanha, Polônia, Romênia e Grécia.
Na Espanha, várias organizações agrícolas anunciaram nesta quarta-feira um calendário de protestos em todo o país para exigir mudanças nas políticas da UE, um plano de choque do governo espanhol e ações das comunidades autônomas diante da crise que vem assolando o campo.
Protestos de agricultores se espalham pela Europa
Agricultores jogaram ovos e pedras no Parlamento Europeu em Bruxelas, nesta quinta-feira, fizeram fogo perto do prédio e soltaram fogos de artifício ao exigirem que os líderes da União Europeia façam mais para ajudá-los com impostos e custos crescentes.
Com a raiva contra as regulamentações verdes e as importações baratas compartilhada entre os agricultores de toda a Europa, manifestantes da Itália, Espanha e outros países europeus participaram do ato em Bruxelas, que coincidiu com uma cúpula da UE nas proximidades, além de realizarem protestos em seus países.
Embora as queixas locais também variem, a crescente agitação, também observada em Portugal, Grécia ou Alemanha, expõe as tensões sobre o esforço da UE para combater as mudanças climáticas.
“Queremos acabar com essas leis malucas que chegam todos os dias da Comissão Europeia”, disse em Bruxelas José Maria Castilla, um agricultor que representa o sindicato espanhol de agricultores Asaja.
Os protestos em toda a Europa ocorrem em um momento em que a extrema-direita, para a qual os agricultores representam um eleitorado crescente, é vista obtendo ganhos nas eleições de junho para o Parlamento Europeu. Os líderes estão tentando acalmar a agitação.
“Em toda a Europa, surge a mesma pergunta: como podemos continuar a produzir mais e melhor? Como podemos continuar a enfrentar as mudanças climáticas? Como podemos evitar a concorrência desleal de países estrangeiros?”, disse o primeiro-ministro francês Gabriel Attal, ao anunciar novas medidas em Paris.
Attal prometeu facilitar a vida dos agricultores e protegê-los melhor em nível francês e da UE, inclusive proibindo importações baratas de produtos que usam um pesticida proibido na Europa e garantindo que os rótulos dos alimentos indiquem claramente se o produto é importado. Mais ajuda para os agricultores também está a caminho, segundo ele.