O Brasil não foi “essencial”, foi única e exclusivamente ele quem barrou a Venezuela. Há muito tempo havia um consenso sobre o convite à Venezuela e o único que se opôs, no frigir dos ovos, foi o governo brasileiro. Como as decisões fundamentais do bloco são sempre por consenso, se há um único divergente a proposta não é adotada. Na verdade, o Brasil se isolou.
Foi um crime a postura brasileira. Um golpe nos princípios da esquerda, de Lula e do PT. Foi também contra os próprios princípios declarados da diplomacia brasileira, que supostamente prega a não intervenção na política interna de outros países. Mas o voto contra a Venezuela foi uma intromissão nos assuntos venezuelanos, como se Maduro tivesse alguma obrigação de prestar contas ao Brasil ou a qualquer outro país sobre as eleições venezuelanas – decididas, como ocorreu, pelo povo venezuelano.
'Ninguém vetará nem calará a Venezuela', diz Maduro após bloqueio do Brasil nos Brics
O presidente Nicolás Maduro afirmou no sábado que "ninguém vetará nem calará a Venezuela", depois de seu governo ter denunciado que o Brasil bloqueou a entrada do país nos Brics durante a reunião de cúpula na cidade russa de Kazan.
"Não existe força nesta terra, eu digo, que cale a voz da rebeldia e da justiça da Venezuela. Nem hoje, nem amanhã, nem nunca, ninguém vetará nem calará a Venezuela. E quem tentar, vai secar", disse Maduro, sem mencionar o Brasil diretamente, em um programa na televisão estatal.
"Há aqueles que no passado (...) tentaram calar a voz da Venezuela e o que aconteceu com os que tentaram calar nossa voz? Secaram, estão secos, desapareceram do mapa da história, caíram na lata de lixo da história", acrescentou.
O presidente retornou a Caracas procedente após uma viagem com escalas na Argélia e Rússia, onde participou da reunião de cúpula dos Brics, grupo ao qual a Venezuela esperava aderir como membro ativo, mas um veto do Brasil impediu a entrada do país.
Segundo o Ministério das Relações Exteriores, a Venezuela tinha o "respaldo e apoio dos países participantes" da cúpula "para a formalização de sua entrada" como sócio do bloco, mas o Brasil, em um "gesto hostil" vetou a entrada.
O veto foi motivado por uma "quebra de confiança", disse Celso Amorim, ex-chanceler e à frente Assessoria Especial da Presidência da República, ao jornal O Globo.
Amorim indicou que Maduro prometeu a Lula divulgar as atas detalhadas da eleição em que foi proclamado presidente reeleito em meio a denúncias de fraude. Até o momento, a autoridade eleitoral não publicou os documentos, como a lei venezuelana exige.
Maduro disse que, durante a reunião de Kazan, se reuniu com "com quase 30 governos", muitos deles aliados como Rússia, China, Irã, Cuba ou Nicarágua, e que "todos" ratificaram sua "admiração" e "expressam felicitações pela grande triunfo eleitoral de 28 de julho".
"Ratificaram sua confiança no destino desta terra", afirmou.
Maduro foi proclamado vencedor das eleições com 52% dos votos pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), de tendência governista, sem a divulgação dos resultados detalhados da apuração devido a um alegado "ataque hacker" ao sistema.
A oposição, liderada por María Corina Machado, denunciou fraudes e publicou em um site cópias de quase 80% das atas eleitorais, que demonstrariam a vitória do candidato Edmundo González Urrutia, que se exilou em Espanha após a emissão de uma ordem de prisão contra ele relacionada a uma investigação sobre a divulgação das cédulas de votação.
Informações do MSN-APF