Istoé semanal nega o racismo e chama uma "falsa controvérsia" depois que os usuários de redes sociais expressam indignação - "Eu só queria vomitar quando vi isso", disse um

A capa provocou indignação aos Brasileiros, onde a maioria das pessoas se descreve como uma raça negra ou mista. O racismo tornou-se um tópico cada vez mais quente, já que o Brasil enfrenta sua violenta história da escravidão e questiona sua auto-imagem apreciada de uma democracia racial harmoniosa.
A capa da Istoé conta com 10 pessoas - incluindo o juiz anti-corrupção Sérgio Moro, o ministro das Finanças, Henrique Meirelles e o ator Isis Valverde - todos brancos.
"Eu só queria vomitar quando vi isso", disse Lena Santana, 48, negra brasileira que compartilhou sua raiva sobre a capa no Facebook. "É um insulto".
Lena Santana, professora de design de moda na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, disse que a revista estava se movendo na direção oposta à sociedade brasileira.
"Nada contra pessoas brancas", disse Lena, "mas temos carreiras, trabalhamos duro, temos cérebro, pensamos, conversamos".
A reação nas mídias sociais foi de indignação.
"Brasileiros do ano apenas se o país for o sul da Noruega. Por que não existe uma única pessoa negra? ", Perguntou um usuário do Twitter .
Sérgio Pardellas, editor da Istoé, disse que Lázaro Ramos, ator negro principal, tinha sido convidado à ser uma estrela na capa, mas não conseguiu participar de uma gala de premiação e foi substituído. Ele disse que a revista já homenageou os brasileiros negros, como o ex-juiz da justiça suprema Joaquim Barbosa, e o título da irmã Istoé Dinheiro apresenta o empresário negro Celso Althayde como um dos seis líderes empresariais do ano.
"É uma controvérsia falsa. De nenhuma maneira discriminamos alguém ", disse Pardellas.
Ele disse que a mesma questão incluiu artigos sobre o abuso racista sofrido por uma criança negra africana adotada pelos atores brancos Bruno Gagliasso e Giovanna Ewbank e pelo ator negro Diogo Cintra, que foi mal batido no mês passado em uma estação de metrô de São Paulo, enquanto os guardas de segurança estavam de pé.
A fila sobre a capa da revista veio logo após o ator proeminente Taís Araújo - esposa de Lázaro Ramos - compartilhar uma conversa de TED que ela fez em São Paulo em agosto, chamada "Como criar crianças doces em um país ácido".
"Meu filho é um menino negro. E a liberdade não é um direito que ele desfrute ", disse ela, acrescentando que, quando se tornar adolescente, seu filho provavelmente enfrentará violentas buscas policiais e a presunção de que ele é bandido.
"No Brasil , a cor do meu filho é a cor que faz as pessoas mudar a calçada, protegem suas malas e armam seus carros", disse ela.
Ivone Caetano, juiz negro do tribunal de apelações e diretor de igualdade racial da Ordem dos Advogados do Rio de Janeiro, disse que o Brasil estava começando a perceber o quão racista é.
"A democracia racial é sempre referida, mas nunca existiu aqui", disse ela. "Ao tornar o preconceito no Brasil invisível, tirou as armas que os negros poderiam ter para lutar contra toda essa questão".